Luis Espinoza, Caroline Perez, Diego Bueno e Maria José Miguez-Burbano
Enquadramento: Foi explorado o potencial efeito do tabagismo sobre o VIH e a resposta à terapêutica antirretroviral. No entanto, as interacções entre o tabagismo e o VIH, particularmente o impacto dos anti-retrovirais (TAR) na variabilidade dos marcadores bioquímicos do tabagismo, são actualmente desconhecidas. Métodos: Foi realizado um estudo longitudinal para determinar as interações entre o tabagismo e o VIH, o impacto dos antirretrovirais e a variabilidade nos marcadores bioquímicos da exposição ao fumo do cigarro. Quatrocentas e vinte pessoas que vivem com VIH (PLWH) foram recrutadas em 4 grupos iguais com base no estatuto de VIH e tabagismo. Resultados: Metade dos participantes eram fumadores. As análises confirmaram que os fumadores tinham cargas virais mais elevadas em comparação com os não fumadores. Sem surpresa, os níveis de cotinina entre os recetores de TARV e não-TARV tenderam a diferir (233 ± 22 vs. não-TARV = 200 ± 36 ng/ml, p = 0,09). As mulheres com ciclos menstruais irregulares apresentaram níveis mais elevados de cotinina (410 ± 85 vs. 202 ± 32 ng/ml, p=0,02). As análises multivariadas confirmaram que os TARV, as mulheres com ciclos irregulares e o número de embalagens predizem os níveis de cotinina. Conclusão: Tanto quanto sabemos, este é o primeiro estudo a identificar uma interacção plausível entre a medicação para o VIH e o metabolismo da nicotina. No entanto, os resultados concordam com o conceito de que ambos são metabolizados pelo sistema enzimático CYP1A2 e CYP3A4.